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27 de dez. de 2010

Indicação ainda é a forma mais usada para se contratar no Brasil

O ano de 2010 será marcado por ter sido aquele em que foi gerado o maior número de empregos com carteira assinada na história do Brasil. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que até outubro cerca de 2,1 milhões de postos formais de trabalho foram criados em todo o País e aventam a perspectiva de que mais 400 mil empregos sejam criados até o final de dezembro.
A estatística positiva está alinhada com o movimento nacional nos últimos oito anos, durante os quais cerca de 15 milhões de empregos foram criados. Atento a essa realidade, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realizou uma pesquisa para identificar como são intermediadas as contratações no Brasil.

O estudo envolveu seis regiões metropolitanas (Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo,) e apontou que 57,1% dos candidatos foram contratados por meio de indicação de familiares ou amigos, que já trabalhavam nas empresas contratantes. Dos locais analisados, apenas Porto Alegre não teve primazia das indicações como intermediação de trabalho. Na cidade sulista, a maioria das contratações aconteceu por meio de anúncios de vagas em jornais ou prospecção de candidatos feitos em sites da internet, por exemplo.

Para o economista do Dieese Sérgio Mendonça, essa exceção se deve pelo fato da capital gaúcha ter uma estrutura de mercado mais consolidada do que as de outras regiões do país. “Assim como em nações mais desenvolvidas, no Rio Grande do Sul existem mais empregos formais, diferentemente do que ocorre no Nordeste, por exemplo, onde os números de indicações são os maiores do Brasil, por haver mais empregos informais”, analisa. Os gaúchos lideram, entretanto, também o ranking nas contratações no setor público, com 10,8% dos trabalhadores da cidade empregados em órgãos governamentais.

Em São Paulo, os números se mostram divididos: 52,6% das vagas disponíveis durante o ano passado foram preenchidas por meio de indicação; 39,3% delas por meio de busca da empresa em anúncios em vários meios e 8,1% por aprovação em concursos públicos. Mendonça vê na diversidade das atividades econômicas da região metropolitana paulista, a resposta para o equilíbrio. “Em São Paulo você encontra de tudo: empresas com grande força econômica buscando os seus colaboradores no mercado, muitas pessoas fazendo indicação de conhecidos e um setor público atuante”, comenta.

Mendonça entende que os meios de contratação podem mudar, de acordo com o cargo procurado pela empresa. Segundo o economista, quando a empresa abre vaga para cargos que exigem menor nível de escolaridade é mais fácil encontrar profissionais aptos entre os conhecidos das pessoas já empregadas nas empresas ou entre pessoas da rede social do contratante e, por isso, essa prática é utilizada, principalmente, para cargos que exigem até Ensino Médio.

Além de envolver maior confiabilidade entre as pessoas e reduzir os custos decorrentes da publicação de anúncios em jornais e sites de recolocação, a prática ainda evita a necessidade de a empresa analisar milhares de currículos. “Quando alguém indica uma pessoa, ela se compromete pelo seu desempenho e para o empregador é como se quem indicou estivesse dando o aval sobre a escolha para a empresa”, comenta Mendonça. O economista observa, entretanto, que para cargos mais elaborados é necessária a realização de um processo seletivo mais complexo para a avaliação de capacidades específicas.

Outra realidade
Na SulAmérica Seguros, entretanto, as indicações não são os meios mais usados para contratações. De acordo com a gerente de Recrutamento e Seleção, Sonia Norões, essa é uma intermediação utilizada em apenas algumas situações, atingindo, no máximo, 30% das novas contratações. “Só em cargos muito específicos, como o de auditor médico, por exemplo, é um que ouvimos os colaboradores que já estão exercendo essa função, porque eles conhecem melhor quem está disponível no mercado.”
 Sonia comenta que a política de indicações da SulAmérica é feita de uma maneira que estimule os colaboradores e acredita que esse é uma estratégia que requer cuidado por parte do RH. “Quando uma empresa contrata muito por indicação, corre-se o risco de criar pequenos feudos entre os colaboradores conhecidos, com culturas próprias e diferentes do restante”, exemplifica.

No entanto, na esfera das ações de responsabilidade social, a seguradora pôs em prática, neste ano, outro tipo de indicação. Com a campanha "Indique um amigo especial”, a empresa incentiva os colaboradores a indicarem pessoas portadoras de necessidades especiais para trabalharem na companhia e disponibiliza, na sua rede interna, um link para isso.

A força da internet
Embora os números do Dieese apontem para as indicações como principal meio de contratação no Brasil, outra modalidade tem ganhado cada vez mais força: os sites de currículos. Neles as empresas podem procurar diretamente os candidatos com o perfil para as vagas que têm em aberto. Uma pesquisa realizada pelo portal Curriculum, com recrutadores de 881 empresas do Brasil, aponta que 79% delas recorrem aos sites para selecionar candidatos.

Segundo Marcelo Arbrieri, presidente do Curriculum, os motivos que levam as empresas a recorrerem aos portais de cadastros de candidatos é a praticidade e rapidez. “Quando vamos comprar uma televisão, por exemplo, a gente não coloca no jornal que há uma vaga na minha estante para o aparelho, porque já sabemos onde encontrá-la; no caso da contratação, trabalhamos justamente com isso, ser uma vitrine para as empresas encontrarem o que elas precisam e ali mesmo já separarem o que é ou não interessante para elas”, explica.

Segundo Rita Batista, gerente de Seleção da RH Internacional (RHI), a consultoria tem comportamento semelhante ao indicado na pesquisa da Curriculum. Mesmo assim, ela diz que existem exceções. “Usamos os sites ao máximo para selecionar candidatos para o cargo de gerência; quando a exigência de nossos clientes é para profissionais desempenharem funções acima desse nível hierárquico, o processo de busca é o hunting, o que implica muitas vezes em fazer propostas para pessoas que já estão trabalhando.”

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