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13 de jan. de 2011

Você realmente sabe trabalhar com (e para) pessoas?



Você sabe fazer uma boa colheita para a sua empresa? Ou é daqueles profissionais que vestem a "armadura intocável de RH"?

Em minha experiência com Gestão de Pessoas - tanto como profissional da área, semeando pessoas por aí ou como candidata, buscando recolocação - posso dizer que vivi muitas situações e, em algumas delas, fiquei realmente atônita.

Em alguns casos, vi profissionais da área com um currículo impecável - com Graduação, Pós-graduação, cursos de especialização em instituições maravilhosas e desejadas por aqueles que querem um bom lugar ao sol - tento comportamentos que realmente deixam a desejar. Certa vez, fiz um processo seletivo em uma empresa de grande porte, com direito a todos os benefícios possíveis e imagináveis, que "vendiam" a oportunidade como àquela dos sonhos. Entretanto, após quase 30 minutos de espera (sem nenhuma satisfação) fui convidada a entrar na sala de entrevista. 

A profissional tinha um ar soberano, dizendo palavras rebuscadas e, em minha opinião,  desnecessárias para a ocasião. Ela falava a maior parte do tempo, deixando pouco espaço para que eu colocasse meu perfil em pauta e, sinceramente, dizia que o RH da empresa em que trabalhava tinha tantas qualidades, prêmios e competências que me senti intimidada. Vestiu-se de uma armadura intransponível, sendo fria e seca, colocando-se tão no alto, que quase fiquei com dor no pescoço de tanto olhar para cima. Falou basicamente de todas as conquistas que obteve nos anos em que trabalhara ali e fez questão de dizer que era a melhor... (será mesmo?)

Além disso, pouco se interessava pelo que eu dizia, parecendo estar com a cabeça em outro lugar. Olhava incansavelmente para o relógio e bocejava o tempo todo. Isso deixou-me incomodada a tal ponto que cheguei a questioná-la se não era mais "cômodo" agendar a entrevista para outro momento.... Depois disso, não preciso nem dizer que estou aguardando o feedback do processo até hoje... (outro problema bem comum).
 

Como humilde participante desse filão e lidando já há certo tempo com seleção em diversos níveis, pensei que a profissional em questão poderia até ter uma formação acadêmica excelente, mas que talvez faltasse certo "toque" de humanidade e preparo. Na verdade, faltou Empatia. No mesmo momento, pensei que lidar diariamente com esta pessoa (que era a Gestora da área) não seria o ideal para o perfil de empresa  ou visão de RH que EU busco.


Por outro lado, vi profissionais trabalharem com respeito aos candidatos e aos já funcionários, lidando realmente com clientes internos, sabendo que os profissionais como um todo merecem respeito e a atenção devida, seja em um processo de seleção, treinamento, feedback ou tomando um café na copa. Esses são os profissionais que sabem colher os melhores talentos semeados nas pessoas, após a tão desejada preparação para o mercado de trabalho.

Felizmente ou não, o RH ainda é o cartão de visitas da Empresa, pois é o primeiro contato que temos com a mesma; é através dele que conhecemos não só dados práticos como remuneração e proposta de trabalho, mas como a empresa desenvolve a sua visão e missão, como enxerga seus talentos e os valoriza.


A ideia aqui não é afirmar que sendo profissionais desta área, devemos ser complacentes, criar envolvimento pessoal com as questões de quem lidamos ou ainda, acatarmos a tudo, tendo "pena" das coisas. Pelo contrário! Manter o profissionalismo, postura ética e discernimento, não passa por sermos afetados pelo lugar que ocupamos. Somos, antes de tudo, agentes de mudanças e lidamos sempre com gente! É possível ter uma postura empática e imparcial, sendo esta um desafio plenamente alcançável. Ser empático é colocar-se no lugar desse profissional com quem lidamos, sobretudo sem sê-lo, estabelecendo o rapport necessário para conseguirmos colher suas competências - o que tem de melhor.

A imparcialidade vem agregada através ao preparo técnico e comportamental, entendendo que junto com o candidato a ser entrevistado, há a ansiedade natural pelo "querer" da vaga – seja por questões claramente financeiras ou profissionais – mas a questão é entender até que ponto a ansiedade excessiva pode vir a afetar o desempenho do mesmo na empresa, pois de qualquer modo, será cobrado por resultados.
Portanto, é de suma importância ater-se não só ao perfil que buscamos para nossa empresa ou cliente, mas também ao que é necessário desenvolver para conseguirmos lidar com o outro de modo igualmente eficaz. Subir em um pedestal, tornando-se um ser acima do bem ou do mal acaba por alimentar a fantasia de que o RH é uma área em que temos que ter cuidado até para dar um simples "bom dia", mito esse que assusta e gera ansiedade nos candidatos ao participar de uma entrevista.
O bom "colhedor" é aquele que consegue colocar-se em seu lugar de Gestor de pessoas, deixando estas à vontade, de modo a extrair o melhor e abrindo portas para desenvolver o que ainda não é muito adequado.

 Lembre-se: Quanto maior é a altura, pior é o tombo... e você não quer fazer esse papel, quer?

Abraços,

Amanda Souza



Publicação: http://semeandopessoas.blogspot.com/

Por Amanda Souza - 18/09/2010



3 comentários:

  1. Maravilhoso artigo!
    Levanta questoes fundamentais do que se tem hoje de rh no mundo corporativo. Passei por semelhante situação.....de ser entrevistada por uma dita profissional de rh que tudo sabia, que falava demais, que "se vendia" a todo instante. Parei p pensar..... e fiquei triste, pois nós, profissionais de rh, sempre devemos estar preparados para sermos agentes de mudança! E por ai vai....
    grande abraço amiga! Sucesso!
    Márcia hassen

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  2. É isso mesmo Márcia. Não apenas profissionais de Seleção, mas de todos os sistemas. Lidar com pessoas não é fácil, mas quem se propõe a trabalhar para o outro, servindo-o, precisa gostar. Sempre!

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  3. Você falou TUDO que senti esta semana...

    É muito ruim, pois afeta a nossa auto estima.

    Nos sentimos descredenciados; mesmo sabendo que a postura daquele profissional está fora dos padrão de dignidade!

    Sonhos terminam, porque toda vez que vamos a uma entrevista, vivenciamos aquela empresa, nos colocamos como funcionários...

    Como é difícil a vida de candidato!!

    Abraços.

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